top of page
ecaturma72

Ademar, ex-repórter abelhudo, foi cuidar de abelhas

Atualizado: 12 de out. de 2022

Nosso colega Ademar Shiraishi tem provavelmente uma das trajetórias mais curiosas de toda a turma. Vindo da longínqua Dom Aquino (Mato Grosso), formou-se na ECA em 1976, e trabalhou várias décadas como jornalista, em São Paulo e Brasília. Até se reencontrar consigo mesmo numa atividade que, como ele conta, lhe dá muito mais prazer.

Curioso e incansável, nosso Ademar foi em Brasília o que se pode chamar de “repórter abelhudo”, daqueles que não se contentam com a voz oficial, sempre à procura do que está por trás da notícia. Foi assim que cobriu para Folha, Estadão, DCI, Correio Brasiliense e Diário do Grande ABC, entre outros veículos, os governos Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula. Eram tempos pré-internet, sem redes sociais, em que era imperioso olhar os políticos cara a cara.

A lida diária nos bastidores da capital federal lhe proporcionou ótimos contatos, mas Ademar sempre fez questão de manter uma segura distância das fontes, para não comprometer sua credibilidade jornalística. Quando as portas se fecharam nas redações, partiu para um voo solo que foi, ao mesmo tempo, desafiador e asfixiante.

Acabou conhecendo um outro lado da imprensa, em que se misturam lobbies, tráfico de influências, matérias pagas com verbas e/ou cargos públicos, falsas amizades e também traições. Atuou também como consultor no mercado financeiro, tomou um calote literalmente federal (do jornal Lance) e foi cuidar de abelhas...

Isso mesmo, Ademar hoje é um feliz apicultor, entre outras atividades ligadas ao campo. “É uma beleza”, garante. “É única criação que não precisa de gasto com ração, não faz sujeira e ainda dá lição de engenharia, organização e disciplina”.

As abelhas do Adhemar são daquelas sem ferrão, de espécies como jataí e mandaguari. Convivendo com essa “raia miúda”, como gosta de dizer, ele aprendeu também a cuidar de plantas medicinais e nativas, flores do cerrado e até vacas leiteiras.

A atividade evoluiu para parcerias com escolas públicas rurais, comunidades de assentados e agricultores que buscam produção sustentável – “sem viés partidário”, ele ressalta – para melhorar a autoestima de quem trabalha a terra.

Ademar hoje se define como “miniprodutor rural”, mas contra agrotóxicos e matança de animais como suínos, ovelhas, cabras, gado de corte ou galinhas de engorda.

A eventuais interessados em investir no mercado apiário, Ademar dá o maior apoio. Só recomenda cautela: “Tem muita quadrilha de ladrões de colmeia”. Quanto ao Jornalismo, ele garante que está aprendendo, hoje, mais do que em qualquer redação. “Melhor cuidar de abelhas do que ser um jornalista inútil”.




O manual e Ademar em sua propriedade: abelhas, plantas medicinais, vacas leiteiras… mas nada de agrotóxico.



15 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


Post: Blog2_Post
bottom of page