Foto Nando Jr.
O colega Gabriel Priolli entrega a placa para a professora homenageada Cremilda Medina
Aos 80 anos, e com toda uma vida dedicada ao Jornalismo e ao ensino de comunicações e artes diversas, a professora Cremilda Medina viveu no último sábado um dos momentos mais marcantes de sua vitoriosa carreira. “Fiquei tão emocionada que quase
não consegui dormir naquela noite”, lembrou ela na segunda-feira, ainda não refeita.
Se a homenagem prestada por nossa turma, juntamente com a do prof. Izidoro Blikstein, era motivo para júbilo, Cremilda confessou que não foi fácil falar após receber do colega Gabriel Priolli nossa placa comemorativa dos 50 anos. Puxando pela memória, ela
relembrou o momento em que tomou a decisão, aos 17 anos, de ser jornalista:
“Fui a uma delegacia de Menores e pedi para acompanhar o trabalho que faziam com os menores abandonados da época. O delegado achou um abuso: “Ô guria, que você está fazendo aqui? Vai pra tua casa”. Mas insisti tanto que ele concordou, e acabei ficando um mês. Foi aí que me decidi fazer vestibular para Jornalismo”.
Eram tempos agitados, em que por todo o Brasil os estudantes aprendiam a lutar pela democracia. A festa de formatura de Cremilda na UFRGS havia sido marcada para uma data que se revelaria emblemática: a noite de 31 de março de 1964! Ela conta: “Quando o pessoal do jogral lembrou aqueles fatos todos dos anos 70 na USP, me emocionei
profundamente porque comecei a lembrar daquela noite em Porto Alegre. Teríamos uma festa de formatura como tantas outras, só que o clima no país já estava carregado. Éramos uma turma pequena, apenas sete estudantes, e pouco antes da festa decidimos que não faríamos um agradecimento formal como se costuma fazer. Combinamos de ler um texto
especialmente preparado para aquele momento do país, e que seria lido em forma de jogral, por todos nós”.
Na manhã de 1º de abril de 64, Cremilda estava com seus colegas na sede de uma rádio na capital gaúcha, apoiando a “cadeia da legalidade” criada pelo então governador gaúcho, Leonel Brizola, para resistir ao golpe militar.
Após trabalhar em vários órgãos de imprensa em Porto Alegre, Cremilda mudou-se com a família no final de 1970 para fazer mestrado na ECA. Acabou sendo convidada para dar aulas no Departamento de Jornalismo, participando ativamente dos acontecimentos que agitaram a Escola até 1975.
“Quando comecei a trabalhar com as turmas de 1971 e 72, jamais poderia imaginar que estaria aqui hoje! Eu era tão pequenininha perto do Fabio (Malavoglia)...”, brincou ela no almoço de sábado, para risos de todos os seus ex-alunos. “Vocês representam para mim toda a história de São Paulo. E que é a história eleita nos meus afetos. E me deram esse dia de tanta emoção. Muito obrigada”.
E, no endereço abaixo, entrevista e a história completa de sua
formação acadêmica.
https://www.agoraeca.com.br/2022/07/08/trajetorias-cremilda-medina/
ALGUMAS OBRAS DA PROFA. CREMILDA MEDINA
A Posse da Terra - Escritor Brasileiro Hoje (1985)
Notícia: Um Produto à Venda - Jornalismo na Sociedade Urbana Industrial (1988)
Povo e Personagem (1996)
A Arte de Tecer o Presente: Narrativa e Cotidiano (2003)
Entrevista - O Diálogo Possível (2007)
Ciência e Jornalismo: da Herança Positivista ao Diálogo dos Afetos (2008)
Atravessagem: Reflexos e Reflexões na Memória de Repórter (2014) A arte de Tecer Afetos - Signo da Relação 2/Cotidianos
Obs.: esses e outros livros estão disponíveis na Amazon.
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