Nosso querido Gabriel Priolli passou 25 anos de sua vida escrevendo sobre televisão. E tem também uma longa bagagem como profissional da área (TVs Globo, Cultura, Bandeirantes), além de ter sido professor de Telejornalismo. Não é exagero afirmar que Gabriel se tornou referência tanto para quem assiste quanto para quem faz televisão.
E uma boa prova disso está em “Astros em Trânsito”, livro que Gabriel lançou no último dia 18 de setembro. A data não foi escolhida por acaso. Esse foi, em 1950, o dia da inauguração da televisão no Brasil, quando entrou no ar a TV Tupi, criada por Assis Chateaubriand.
Com 192 páginas, o livro conta a história da TV brasileira por um enfoque original. Em vez de um estudo acadêmico ou técnico, Gabriel preferiu focar nos ídolos gerados pela indústria televisiva. São 35 perfis de figuras que estiveram em evidência durante boa parte das últimas sete décadas.
“Foram anos escrevendo sobre essas pessoas, entre tantas outras”, lembra Gabriel, citando o caso da apresentadora Idalina de Oliveira, a primeira “garota-propaganda” da TV brasileira, uma das personagens de “Astros em Trânsito”. Em 1959, aos 6 anos de idade, Gabriel – que já era fanático por televisão – foi com os pais à sede da TV Record. Extasiado diante do estúdio, não apenas conheceu como ganhou um beijo de Idalina!
Da Publicidade ao Jornalismo
“Sou da geração baby-boomer, que cresceu diante da TV”, conta ele, que entre os anos 50 e 60 passava horas assistindo a seriados como Papai Sabe Tudo, Rin-tin-tin, Alô Doçura (adaptação do americano I Love Lucy) e muitos outros.
Quando entrou na ECA, em 1972, Gabriel pensava fazer Publicidade, setor em que já havia trabalhado. Mas o contato com alguns professores do Departamento de Jornalismo acabou redirecionando seus interesses. Uma experiência marcante foi atuar como repórter da AUN (Agência Universitária de Notícias), laboratório em que os alunos percorriam o campus em busca das pautas que movimentavam a USP.
“Tive o privilégio de conviver com grandes intelectuais e pensadores. Além de entrevistá-los, acabei me tornando amigo de muitos deles”. Do curso de Jornalismo, foi um passo para a TV Cultura, onde iniciou sua carreira profissional, orientado pelos mestres Cremilda Medina e principalmente Paulo Roberto Leandro (já falecido), a maior influência em sua vida.
Herzog, professor e chefe
Na Cultura, onde ficou cinco anos, Gabriel atuou como repórter e editor. “Comecei, veja só, tendo como chefe um cara que também era meu professor na ECA: Vladimir Herzog. Na sexta-feira, véspera do dia de seu assassinato, ele me entregou uns documentos para guardar. Havia recebido a intimação para depor no DOI-CODI, devia saber que talvez não voltasse mais...”
Após a experiência na Cultura, Gabriel conta ter tido a sorte de poder se dedicar à atividade que mais o fascinava: escrever sobre televisão. “Em 1980, fui contratado pela Folha de São Paulo para fazer crítica de TV, um cargo que ninguém no jornal queria. TV era considerada uma arte menor, muito abaixo de cinema, teatro, literatura. Aquela vaga caiu do céu para mim”.
Gabriel iniciou na imprensa um estilo diferente de comentar sobre televisão, passando longe das colunas de fofocas e das análises superficiais sobre essa mídia. Começou a explorar não apenas os conteúdos, mas os formatos dos programas, os bastidores da indústria televisiva e as novas linguagens que surgiam. “Tinha a pretensão de fazer um trabalho jornalístico elevado, fugir da mediocridade que dominava a crítica de TV na época”, relembra.
Legado para as novas gerações
Esse trabalho o levou depois a Veja e ao JT, onde durante dois anos manteve uma coluna diária sobre televisão. “Achei que agora deveria resgatar esses textos acrescentando notas de rodapé, já que muitos termos da época são desconhecidos para os leitores de hoje. E, claro, contextualizando cada um deles”.
Entre os 35 escolhidos estão apresentadores (Silvio Santos, Hebe Camargo, Fausto Silva, Chacrinha), jornalistas (Bóris Casoy, Marilia Gabriela), humoristas (Jô Soares, Chico Anysio, Dercy Gonçalves) e executivos (Walter Clark, Boni).
“Nesta fase da vida, achei que era um dever organizar esse material e deixá-lo como legado às novas gerações e também aos colegas que continuam em atividade. Acho que é importante resgatar esses trabalhos para ajudar as pessoas a entenderem o que é, de fato, a arte de fazer TV”.
“Astros em Trânsito” é um lançamento da Editora Terra Redonda. Clique aqui para encomendar. Para saber mais sobre o livro e a trajetória de Gabriel, assista aos vídeos abaixo:
Gabriel autografa Astros em Trânsito, lançado no último dia 18 de setembro
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