Foto Nando Jr.
Prof. Izidoro, após as palavras de agradecimento, cercado por Laura, Orlando, Alice, Carol, Zamith, profa. Cremilda, Malu, Cida, Clovis e Gera: justa homenagem.
Em 2012, durante nosso 3º Encontro, realizado no Hotel Alpino, em São Roque, homenageamos o professor Dino Pretti, da cadeira “Comunicação Linguística” em nosso primeiro semestre de ECA.
Dez anos depois, o homenageado – o mais citado pela turma nas consultas dos últimos meses – foi exatamente aquele que o sucedeu, no segundo semestre do curso básico.
O prof. Izidoro Blikstein, hoje com 84 anos, talvez tenha sido pego de surpresa ao receber o convite para a homenagem. Afinal, embora tenha permanecido na USP por mais de 30 anos, na ECA e também na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, a importância de seu trabalho como professor, escritor, tradutor, linguista e semioticista nem sempre é reconhecida.
No sábado 15, o professor Izidoro acordou cedo no apartamento onde reside com a esposa Esther, em Campinas, e logo começou a se preparar para o Encontro. Ao ser recebido pelos membros da Comissão Organizadora, estava visivelmente feliz e agradecia várias vezes a lembrança de seu nome.
Foi um logo caminho para esse mineiro de Araguari que, na infância e adolescência, passou
dificuldades ao lado dos irmãos, tendo perdido o pai muito cedo. Morando em Santo André, foi no curso secundário que seus caminhos se cruzaram com os de Dino Pretti, que era então seu professor de Português.
Mais tarde, numa visita à FFLCH, então na Rua Maria Antonia, uma foto de Pretti entre os formandos o convenceu de que aquela deveria ser também a sua carreira. Assim, Izidoro Blikstein se formou em Letras Clássicas pela USP, aprofundando-se no estudo da linguística e da semiótica.
“Vejam só, de Araguari fui parar em Lyon”, lembrou ele em seu improvisado discurso de
agradecimento, no sábado. Referia-se ao período em que estudou na França e se familiarizou com autores como Roland Barthes, Roman Jakobsen e Jean
Dubois, dos quais viria a ser tradutor para o português (aqui, um resumo de sua trajetória
acadêmica - https://pesquisa-eaesp.fgv.br/professor/izidoro-blikstein).
As lembranças da experiência na ECA trazem ao prof. Izidoro a memória de alunos e professores que sempre chegavam com ideias novas. Como o encontro com um colega que lhe falou do filme “Madadayo”, de Kurosawa, como ele nos relatou de forma emocionada (vejam aqui a história do filme - https://ecaturma72.wixsite.com/jubileca50anos/post/n%C3%A3o-ainda-n%C3%A3o)
A expressão que dá título ao filme significa “Eu vou continuar com vocês”, explicou o prof. Izidoro, acrescentando que a história mostra o significado de uma relação entre professor e aluno que acaba criando uma amizade entre eles. “E só assim é possível estudar com gosto, aprender algo e guardar. Isso acabou sendo a própria maneira de ensinar de Paulo Freire”.
Nesse momento, o prof. Izidoro lembrou que pôde estender esses ensinamentos à criação de seus três filhos: Flavia, que acompanhou em lágrimas o depoimento do pai e trabalha com crianças abandonadas; Daniel, que trabalha na área jurídica; e Paulo, que está nos EUA trabalhando com educação e divulgando o trabalho de Freire.
Após aplausos de todos, o prof. Izidoro concluiu: “Assim vocês têm um pedaço da minha vida e o significado de estar eu aqui, diante dessa turma valente, corajosa, que recitou aqui fatos que mostram a importância de nós defendermos a democracia”.
OBRAS DO PROF. IZIDORO BLIKSTEIN
Técnicas de Comunicação Escrita (2016)
Kaspar Hauser ou a Fabricação da Realidade (2018) Semiótica e Totalitarismo (2020)
TRADUÇÕES
Linguística e Comunicação, de Roman Jakobson (1976)
Dicionário de Linguística, de Jean Dubois (2007)
Elementos de Semiologia, de Roland Barthes (1971)
Curso de Linguística Geral, de Ferdinand Saussure
(traduzido em parceria com José Paulo Paes e Antonio Chelini) (1970)
Obs.: alguns desses livros estão disponíveis na Amazon .
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