Humberto Borges
- ecaturma72
- 25 de jun. de 2009
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de set. de 2022
No começo de 1971, ao embrulhar com jornal uma mercadoria na feira onde trabalhava em Ribeirão Preto, dei com uma matéria sobre o curso de cinema na USP. Separei aquele pedaço de jornal e à tarde já havia decidido qual curso superior iria fazer.
Vindos do mesmo cursinho pré-vestibular em Ribeirão, o Marcos Aidar, o Pola Galé e eu tiramos até um retrato com um lambe-lambe contratado para a festa dos calouros.
Sinto-me um privilegiado por ter tido aulas com Paulo Emílio Salles Gomes, com o Ismail Xavier, com a Dora Mourão, o Eduardo Leone, o Roberto Santos, o João Batista de Andrade, a Ella Durst, o Chico Botelho, o Egon Schaden, a Fadul, o Peñuela, o polêmico Vilches…
A escola me forneceu ainda bastante película e equipamento em 35 mm para fazer um filme de final de curso. Consegui realizar 80% das filmagens mas o projeto “Fênix” restou inacabado… abandonado… até que foi cremado num dos incêndios da ECA.
Em 1973 comprei minha primeira máquina fotográfica, uma Asahi Pentax Spotmatic.
Em 1974 passei a trabalhar no Banco Central onde estou me aposentando neste final de ano.
Em 1976 fiz novo vestibular e entrei no curso de Ciências Sociais da Fefeléche ao mesmo tempo que participava do movimento político organizado contra a Ditadura Militar.
Em 1977 me graduei na ECA. Nesse mesmo ano trouxe de Manaus através da rodovia Transamazônica uma câmera filmadora Eumig Super8. Trabalhei como repórter fotográfico para o jornal “Companheiro” e documentei vários eventos e movimentos, desde os de favelados (por luz e água encanada), aos dos estudantes da USP e da reconstrução da UNE, dos metalúrgicos do ABC, das mulheres contra a violência, pelos presos políticos e desaparecidos… Hoje estou digitalizando esses filmes e fotografias com a intenção de consolidá-los num audiovisual sobre o movimento popular que originou essa turma que hoje está na principal direção política de nosso País.
Na década de 80, trintão, veio a saudade louca dos sons da música caipira/sertaneja da infância e adolescência, fui atrás de tocar viola e criar os filhos que vinham nascendo. Com o Super8 quase extinto com o advento do VHS, fiquei só na fotografia, basicamente familiar.
Nos anos 90, segui na vidinha concentrado na educação dos filhos virando gente, aprendi a usar computador, fiquei maravilhado com as possibilidades da internet na comunicação audiovisual, estudei um pouco de música e viola na ULM e participei da Orquestra Paulistana de Viola Caipira.
Já no novo milênio, em 2003, indignado, fiz uma canção, gravei com uns violeiros e, para divulgar a mensagem, fiz na raça um sítio na internet contra a invasão e o massacre imperial no Iraque (http://br.geocities.com/humborges).
Faz um tempo que estou fotografando e filmando com uma maquininha Sony Cyber Shot DSC W90 e tenho obtido boas imagens em telas de TV de 29 polegadas. Uma amiga, inclusive, editou uma pequena jóia de 7 minutos chamada "Lembrança", a partir de umas filmagens que fiz de minha mamãe, com 77 anos e portadora da doença de Alzheimer.
De relance, assim, posso dizer que nesse caminho de sonhos e realizações, na era mais interessante da história humana, perdi em algumas e ganhei em muitas, e no balanço, a felicidade explícita de uma vida de luta com muita arte e muita sorte com minha esposa Avani (doutoranda na Fefeléche), minhas filhas Anahi (Eca/audiovisual) e Marana (Eca/jornalismo), e o caçula Raoni (Fecap/Administração).
Não tenho como não ser um grande otimista!!!


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