Agora, na "contação" de histórias
Em 72, quando entrei para a ECA, eu era uma “idosa” de 42 anos que alguns de vocês chamavam de “senhora”. Foi minha segunda graduação (a primeira tinha sido em Letras, também na gloriosa USP). E foi também a minha terapia. A convivência com a alegria, a vontade de mudar o mundo, os sonhos, a paixão com que vocês se atiravam na Vida e nas lutas, me ajudaram a ver o mundo de forma nova, e a conviver melhor com meus filhos, a entender suas cabeças de jovens, e depois com minhas noras, e hoje com meus netos e com as centenas de alunos que têm passado por minhas aulas. Obrigada por tudo isso. O curso de “Teatro Aplicado à Educação” (hoje Artes Cênicas) me abriu caminhos para muitos campos além do Teatro, mas sempre ancorados nele. Trabalho com empresas, com escolas, com comunidades de bairro e com ONGS, com vínculo empregatício, mas também, muito, como voluntária. Histórias para serem contadas ao vivo para quem quiser ouvir. Zerei mais uma vez meu velocímetro. Aos oitenta, tenho certeza de que ser velho é enterrar os sonhos e achar que “não dá mais tempo de”. Não é meu caso. Sou apenas “ida em anos” , o que é só uma circunstância temporal. Sonhos e projetos continuam me desafiando… Sei que vou encontrar alguns de vocês quase sessentões. Não desanimem. Chegar lá não vai doer. Vamos nos ver no sábado. E afogo (em cerveja) quem me chamar de “senhora”… Recado especial para meu sumidíssimo amigo Jorge Cláudio: “Que saudade de você, cara! Por onde você anda? Muito bom te encontrar!”
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