Maurício deve ter relembrado com o Clovis os grandes clássicos do time da ECA
(Esse textículo vai em homenagem ao Maurício e a todos os demais colegas) A leitura de uma dúzia de mensagens assim de enfiada me deixou mais grogue do que meu nível habitual de leseira consegue absorver. Série iniciada por notícia de perda de um colega, um horror de motivação para que pessoas se comuniquem, mas estamos cada vez mais sujeitos a esse tipo de oportunidade, ok, nadas a ver, nadas a comentar. Leso por natureza, eu que nem tchum pra essa “turma de 72” – listado aqui talvez por um programete de computador que pinçou meu nome da lista de aprovados do CESCEA e de matriculados da ECA naquele ano -, eu confesso que não estava plugado nesse reencontro de colegas. Não fui ao convescote do ano passado, não fui passear no blog, não isso não aquilo. Apesar de sensível e facinho, não me deixei ser fisgado por nenhuma das iscas que passaram na minha frente quando do chamamento pro encontro de 2009. Até ajudei um pouquinho, servindo as iscas a alguns colegas que tenho em minha lista e que não tinham sido contatados até então. Lembro de trocar algumas mensagens do tipo “vamos lá, turma das Artes, senão só vai ter jornalista nessa festa!”. Agora mesmo, claro, recebi essa notícia com a típica insensibilidade dos trogloditas: “Não me lembro desse nome, Maurício Ielo, quem seria?… Na verdade minha memória apagou muita gente da escola, e certamente os poucos que poderiam se lembrar de mim nem devem estar por perto…” E em seguida entraram os primeiros comentários dessa série. Foi começar a ler e ser carregado irresistivelmente por um tornado, como uma Judy Garland em technicolor 70mm, e em versão já adaptada para o modernoso 3D Imax. Com direito a odor especial na sala do espetáculo, como fez Zeca Capellini na montagem de Trivial Simples, na “piscina” da EAD, valendo como exame de Direção dele na ECA. Um arraso! E os comentários foram aparecendo: Robson, Glorinha, Aidar, Eliana, Douglas… Uau! Então a turma das Artes apareceu no tal encontro! Ué, mas alguns aí citados não são jornalistas? Sim, mas sempre foram metidos a artistas. Marcos Aidar, por exemplo, tem cinquenta anos de Globo, é jornalista, mas por várias razões joga nos dois times (esclareço: Jornalismo & Artes) e apesar de afastados pela vida sabemos que é só um procurar o outro que tudo volta, aquela velha amizade, aquele papo furado no bar do Leblão, meu deus do céu que tempo bão (o poeta se esforça pra achar uma rima rica, e jogo tudo no lixo, coitado). Ainda recentemente pedi a ele um favor terrível: eu ouvi uma raridade musical sendo usada num BBB, fiquei louco porque aquela música nunca saiu em disco, pertencia a um produto específico; mandei-lhe um pedido urgente urgentíssimo, e no dia seguinte recebi o arquivo da música, tungada da gaveta do Boninho, a 500 quilômetros daqui. (Como já tem mais de cinco anos, Aidar, podemos contar porque o crime já prescreveu, certo? Ainda não?! Vixe…) Daí que, fisgado pela foto postada pelo Robson, acabei passeando pelo blog. Que coisa linda, fotos, comentários, biografias, mais fotos, links variados, salinhas e portinhas muito convidativas, mais fotos ainda, enfim, uma delícia. Um mergulho emocionante e indescritível. [Bom, se é indescritível então vou parar de descrever, portuga lógico que sou] E também graças ao Robson vi a foto do Paulo da Tarde com o Maurício. Cabeça hiperlotada de lixo, como fui esquecer dele? Choque. Susto. Sentimento de perda e de recuperação simultâneos. Dor. Emoção. Identificação. Sombra e Luz atuando ao mesmo tempo. Histórias. Reais e imaginárias, até a excêntrica lembrança de jogar futebol com ele em várias ocasiões. Com o uniforme pra lá de exótico que as meninas de Artes Plásticas desenvolveram, camisa e calção brilhantes, cor de rosa e verde claro. Entrávamos em campo e os adversários, sempre favoritos, riam tanto que alguns até sentavam na quadra de tanto rir. Ficavam até perdidos sobre o que rir, se do uniforme ou se do nosso esquadrão em si, um bando de bichas cabeludas e magrelas, alguns até barrigudinhos como o próprio Maurício, nenhum com pinta de jogador de futebol. Quando a partida começava o adversário tinha comportamento meio dispersivo, e quando se ligava o placar já ia apontando dois a zero pra nós… Sei do que estou falando, afinal disputei quatro Bichusps pela ECA (este sim, um crime que já prescreveu). Douglas, não se aflija, já vou parar. Pelo menos desta vez. Fica aqui um quase compromisso de comparecer no blog com alguma contribuição, alguma foto da época que a ex não tenha rasgado ou confiscado, algum relato tipo Milton Neves e sua coluna “Que Fim Levou?”, enfim, dar as caras. Impossível ficar de fora depois de ver tanto conhecido nas fotos, até Ubirajara de Carvalho e Castro diretamente de Beverly Hills, figuraça que deve ter feito meia dúzia de plásticas, safado, todo mundo cinquentão e ele quarentinha? Foi tentar a vida em Hollywood e por lá ficou, o que me faz lembrar de outro colega dessa mesma turma de Cinema que também foi estagiar por lá na época, Eduardo “Dudu” Celso Poiano, que na ECA era nosso clone de Bob Dylan, e meu quase cunhado. Acho o nome dele na lista dos matutinos, em seguida ao Douglas, antes da Eliane “Lili” Bandeira, o olhar passeia pela lista, várias recordações queridas, Ana Elisa Bueno, Fernando Scavone, o coração navega pelo céu, Irineu Chamiso, Fausto Brunini, melhor parar… E ainda tem o eterno retorno de antigos amores, a revivência de meia dúzia de arrebatadoras paixões, quatro garotas, dois rapazes, enfim, eram os anos 70, acabou chorare! Bom, uma das vantagens de não ser jornalista e sim músico é que posso escrever sem preocupações, como ensina Millôr, Livre Pensar É Só Pensar, posso enfiar vírgula atrás de vírgula, repetir muitas vezes “enfim”, enfim, deixo a revisão pros profiças. E deixo também um grande abraço a todos, conhecidos ou não, agradecido pela emoção que me proporcionaram. Zero Freitas (José Roberto Alves Freitas pela lista, pelo RG e pelo Dops).
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